Exú, sabedor de que uma rainha fora
abandonada pelo seu rei (dormindo assim em aposentos separados).
Procurou-a, entregou a ela uma faca e disse que se ela desejasse ter ele
de volta deveria cortar alguns fios da sua barba ao anoitecer quando o
rei dormisse. Em seguida, foi a casa do príncipe herdeiro do trono
situada nos arredores do palácio e disse ao príncipe que o rei desejava
vê-lo ao anoitecer com seu exército. Em seguida, foi até o rei e disse: a
rainha magoada vai tentar matá-lo a noite finja que está dormindo para
não morrer. E a noite veio. O rei deitou-se fingiu dormir e viu depois, a
rainha aproximar uma faca de sua garganta. Ela queria apenas cortar um
fio da barba do rei, mas ele julgou que seria assassinado. O rei
desarmou-a e ambos lutaram, fazendo grande algazarra.
O príncipe que chegava com seus guerreiros, escutou gritos nos aposentos do rei e correu para lá. O príncipe entrou nos aposentos e viu o rei com a faca na mão e pensou que ele queria matar a rainha e empunhou sua espada. O rei vendo o príncipe entrar no palácio armado a noite pensou que o príncipe queria matá-lo e gritou por seus guardas pessoais. Houve uma grande luta seguida de um massacre generalizado.
O príncipe que chegava com seus guerreiros, escutou gritos nos aposentos do rei e correu para lá. O príncipe entrou nos aposentos e viu o rei com a faca na mão e pensou que ele queria matar a rainha e empunhou sua espada. O rei vendo o príncipe entrar no palácio armado a noite pensou que o príncipe queria matá-lo e gritou por seus guardas pessoais. Houve uma grande luta seguida de um massacre generalizado.
Exú
sempre foi o mais alegre e comunicativo de todos os orixás. Olorun,
quando o criou, deu-lhe, entre outras funções, a de comunicador e
elemento de ligação entre tudo o que existe. Por isso, nas festas que se
realizavam no orun (céu), ele tocava tambores e cantava, para trazer
alegria e animação a todos.
Sempre foi assim, até que um dia os orixás acharam que o som dos tambores e dos cânticos estavam muito altos, e que não ficava bem tanta agitação.
Então, eles pediram a Exú, que parasse com aquela actividade barulhenta, para que a paz voltasse a reinar.
Sempre foi assim, até que um dia os orixás acharam que o som dos tambores e dos cânticos estavam muito altos, e que não ficava bem tanta agitação.
Então, eles pediram a Exú, que parasse com aquela actividade barulhenta, para que a paz voltasse a reinar.
Assim foi feito, e Exú nunca mais tocou seus tambores, respeitando a vontade de todos.
Um belo dia, numa dessas festas, os orixás começaram a sentir falta da alegria que a música trazia. As cerimônias ficavam muito mais bonitas ao som dos tambores.
Um belo dia, numa dessas festas, os orixás começaram a sentir falta da alegria que a música trazia. As cerimônias ficavam muito mais bonitas ao som dos tambores.
Novamente, eles se reuniram e resolveram pedir a Exú que voltasse a animar as festas, pois elas estavam muito sem vida.
Exú negou-se a fazê-lo, pois havia ficado muito ofendido quando sua animação fora censurada, mas prometeu que daria essa função para a primeira pessoa que encontrasse.
Exú negou-se a fazê-lo, pois havia ficado muito ofendido quando sua animação fora censurada, mas prometeu que daria essa função para a primeira pessoa que encontrasse.
Logo
apareceu um homem, de nome Ogan. Exú confiou-lhe a missão de tocar
tambores e entoar cânticos para animar todas as festividades dos orixás.
E, daquele dia em diante, os homens que exercessem esse cargo seriam
respeitados como verdadeiros pais e denominados Ogans.
II
Orunmilá e Exú eram amigos, mas disputavam entre si o poder.
Houve uma guerra na cidade de Ajala Eremi. Tendo isso chegado ao conhecimento de Exú, por seus seguidores que invocavam-no e pediam a sua ajuda, ele correu a Orunmilá para contar a novidade.
Orunmilá ficou curioso de saber como Exú já sabia da guerra, uma vez que a cidade era longe e parcos os recursos.
Houve uma guerra na cidade de Ajala Eremi. Tendo isso chegado ao conhecimento de Exú, por seus seguidores que invocavam-no e pediam a sua ajuda, ele correu a Orunmilá para contar a novidade.
Orunmilá ficou curioso de saber como Exú já sabia da guerra, uma vez que a cidade era longe e parcos os recursos.
Exú, muito vaidoso, disse saber tudo, em virtude de seus poderes, e completou - "Vamos lá salvá-los".
Viajaram juntos, e chegando à Ajala Eremi, ajudaram o povo a vencer a guerra, e foram reverenciados e louvados.
Na volta, Exú disse a Orunmilá - "Você vai ver, a minha magia é maior que a sua".
Na volta, Exú disse a Orunmilá - "Você vai ver, a minha magia é maior que a sua".
Orunmilá riu, disse que seus poderes eram bem maiores, e disse também:
"Ki okunrin ma to ato rin
Ki obinrin ma to ato rin
Ki awo eni ti aso re yio rin".
"O homem fica em pé e urina andando
A mulher fica em pé e urina andando
Vamos ver a roupa de quem fica molhada primeiro".
Com essas palavras ele desafiou Exú.
Caminharam muito até que anoiteceu, e pararam em Ileto (pequena cidade baale - aldeia pobre). Orunmilá pediu aos mais velhos pousada por uma noite para ambos.
Ki obinrin ma to ato rin
Ki awo eni ti aso re yio rin".
"O homem fica em pé e urina andando
A mulher fica em pé e urina andando
Vamos ver a roupa de quem fica molhada primeiro".
Com essas palavras ele desafiou Exú.
Caminharam muito até que anoiteceu, e pararam em Ileto (pequena cidade baale - aldeia pobre). Orunmilá pediu aos mais velhos pousada por uma noite para ambos.
O
Rei permitiu que dormissem e determinou em que casa ficariam. No meio
da noite, estando Orunmilá dormindo, Exú acordou bruscamente.
Exu
saiu para o pátio, foi ao local onde as galinhas dormiam, agarrou o
galo pelos pés, torceu-lhe o pescoço, arrancou-lhe a cabeça e enfiou no
bolso. Fez uma ótima e solitária refeição com a carne e alguns inhames,
pimentas, tomates e cebolas que achou nos campos, temperou tudo com óleo
dendê, bebeu vinho de palma e completou com litros e litros de água
fresca.
Voltando
à casa, chamou Orunmilá, e disse -" Vamos embora depressa". Orunmilá
acordou estremunhado, e ainda tonto, achou que era de manhã, e seguiu
com Exú pela estrada como bons amigos.
Em
Ileto, assim que amanheceu, descobriram a morte do galo, a fuga dos
hóspedes e o povo, revoltado, decidiu persegui-los. Juntaram os Ode
(soldados). Correram atrás de Exú e Orunmilá e alguém lembrou que Exú
usava uma roupa de búzios (símbolo de magia).
Exú
sabia que o povo de Ileto e os soldados vinham em sua perseguição.
Olhava para trás e ria. Falou a Orunmilá -"O povo vem aí, traz lanças,
facas e soldados. Mostre a força de sua magia agora". Orunmilá, sempre
muito calmo, disse a Exú -"A mim não pegam. Eu adivinho que você matou o
galo e comeu-o, porque o sangue pinga de seu bolso". E disse "A ki gbo
iku a fibi oba sa". ("Não se pode ter má notícia da terra. Ela não
morre".)
Depois de proferir estas palavras mágicas, Orunmilá disse a Exú:
-"Agora você dá a solução".
Exú
sugeriu que subissem em uma árvore sagrada (ikin), de cuja madeira são
feitos instrumentos para o culto, e esperassem para ver os Ode passarem.
Os soldados e o povo viram o sangue, e revistando a árvore acharam Exú
lá em cima, junto com Orunmilá. Alguns ficaram de guarda à árvore,
enquanto outros foram buscar machados e facões para derrubá-la.
Quando começaram a cortar a árvore, Exú riu e disse a Orunmilá:
- "É agora! Vamos cair os dois, faça a sua magia, eu faço a minha e veremos qual o poder maior".
A árvore caiu. Orunmilá se enterrou no chão e virou água. Exú bateu no chão e virou pedra.
A árvore caiu. Orunmilá se enterrou no chão e virou água. Exú bateu no chão e virou pedra.
O
povo e os Ode procuraram e não acharam ninguém. O lugar virou uma
grande confusão, com todos gritando e se acusando mutuamente.
Os que estavam sedentos, viram a água que era Orunmilá, beberam dela e se acalmaram.
Os que estavam sedentos, viram a água que era Orunmilá, beberam dela e se acalmaram.
Os que estavam cansados sentaram na pedra que era Exú e ficaram agitados.
E daí para a frente, dois tipos de pessoas se criaram no mundo, os calmos e os agitados. E todos que jogam Ifá (antigo sistema yorubá de adivinhação), têm que cultuar Exú e Orunmilá.
E daí para a frente, dois tipos de pessoas se criaram no mundo, os calmos e os agitados. E todos que jogam Ifá (antigo sistema yorubá de adivinhação), têm que cultuar Exú e Orunmilá.
III
Exu
foi o primeiro filho de Iemanjá e Oxalá. Ele era muito levado e gostava
de fazer brincadeiras com todo mundo.Tantas fez que foi expulso de
casa. Saiu vagando pelo mundo, e então o país ficou na miséria, assolado
por secas e epidemias. O povo consultou Ifá, que respondeu que Exu
estava zangado porque ninguém se lembrava dele nas festas; e ensinou
que,para qualquer ritual dar certo, seria preciso oferecer primeiro um
agrado a Exu. Desde então, Exu recebe oferendas antes de todos, mas tem
que obedecer aos outros Orixás, para não voltar a fazer tolices.
IV
Um
homem rico tinha uma grande criação de galinhas. Certa vez, chamou um
pintinho muito travesso de Exu, acrescentando vários xingamentos. Para
se vingar, Exu fez com que o pinto se tornasse muito violento. Depois
que se tornou galo, ele não deixava nenhum outro macho sossegado no
galinheiro: feria e matava todos os que o senhor comprava. Com o tempo, o
senhor foi perdendo a criação e ficou pobre. Então, perguntou a um
babalaô o que estava acontecendo. O sacerdote explicou que era uma
vingança de Exu e que ele precisaria fazer um ebó pedindo perdão ao
Orixá. Amedrontado, o senhor fez a oferenda necessária e o galo se
tornou calmo, permitindo que ele recuperasse a produção.
V
Certa
vez, dois amigos de infância, que jamais discutiam, esqueceram-se, numa
segunda-feira, de fazer-Ihe as oferendas devidas para Èsù.
Foram
para o campo trabalhar, cada um na sua roça. As terras eram vizinhas,
separadas apenas por um estreito canteiro. Èsù, zangado pela negligência
dos dois amigos, decidiu preparar-Ihes um golpe à sua maneira.
Ele
colocou sobre a cabeça um boné pontudo que era branco do lado direito e
vermelho do lado esquerdo. Depois, seguiu o canteiro, chegando à altura
dos dois trabalhadores amigos e, muito educadamente, cumprimentou-os:
-"Bom trabalho, meus amigos!"
Estes, gentilmente, responderam:
-"Bom passeio, nobre estrangeiro!"
Assim que Èsù afastou-se, o homem que trabalhava no campo à direita, falou para o seu companheiro:
-"Quem pode ser este personagem de boné branco?"
-"Seu chapéu era vermelho", respondeu o homem do campo a esquerda.
-"Não, ele era branco, de um branco de alabastro, o mais belo branco que existe!"
-"Ele era vermelho, um vermelho escarlate, de fulgor insustentável!"
-"Ele era branco, tratar-me de mentiroso?"
-"Ele era vermelho, ou pensas que sou cego?"
Cada um dos amigos tinha razão e ambos estavam furioso da desconfiança do outro. Irritados, eles agarraram-se e começaram a bater-se até matarem-se a golpes de enxada.
Estes, gentilmente, responderam:
-"Bom passeio, nobre estrangeiro!"
Assim que Èsù afastou-se, o homem que trabalhava no campo à direita, falou para o seu companheiro:
-"Quem pode ser este personagem de boné branco?"
-"Seu chapéu era vermelho", respondeu o homem do campo a esquerda.
-"Não, ele era branco, de um branco de alabastro, o mais belo branco que existe!"
-"Ele era vermelho, um vermelho escarlate, de fulgor insustentável!"
-"Ele era branco, tratar-me de mentiroso?"
-"Ele era vermelho, ou pensas que sou cego?"
Cada um dos amigos tinha razão e ambos estavam furioso da desconfiança do outro. Irritados, eles agarraram-se e começaram a bater-se até matarem-se a golpes de enxada.
Èsù
estava vingado! Isto não teria acontecido se as oferendas a Èsù não
tivessem sido negligenciadas. Pois Èsù pode ser o mais benevolente dos
òrìsà se é tratado com consideração e generosidade.
VI
Conta-se
que Aluman estava desesperado com uma grande seca. Seus campos estavam
secos e a chuva não caia. As rãs choravam de tanta sede e os rios
estavam cobertos de folhas mortas, caidas das árvores.
Nenhum òrìsà invocado escutou suas queixas e gemidos. Aluman decidiu, então, oferecer a Èsù grandes pedaços de carne de bode.
Èsù
comeu com apetite desta excelente oferenda. Só que Aluman havia
temperado a carne com um molho muito apimentado. Èsù teve sede. Uma sede
tão grande que toda a água de todas as jarras que ele tinha em casa, e
que tinham, em suas casas, os vizinhos, não foi suficiente para matar
sua sede!
Èsù
foi á torneira da chuva e abriu-a sem pena. A chuva caiu. Ela caiu de
dia, ela caiu de noite. Ela caiu no dia seguinte e no dia depois, sem
parar.
Os campos de Aluman tornaram-se verdes. Todos os vizinhos de Aluman cantaram sua glória:
"Joro, jara, joro Aluman,
Dono dos dendezeiros, cujos cachos são abundantes;
Joro, jara, joro Aluman,
Dono dos campos de milho, cujas espigas são pesadas!
Joro, jara, joro Aluman,
Dono dos campos de feijão, inhame e mandioca!
Joro, jara, joro Aluman!"
E as rãzinhas gargarejavam e coaxavam, e o rio corria velozmente para não transbordar! Aluman, reconhecido, ofereceu a Èsù carne de bode com o tempero no ponto certo da pimenta. Havia chovido bastante. Mais, seria desastroso! Pois, em todas as coisa, o demais é inimigo do bom.
Dono dos dendezeiros, cujos cachos são abundantes;
Joro, jara, joro Aluman,
Dono dos campos de milho, cujas espigas são pesadas!
Joro, jara, joro Aluman,
Dono dos campos de feijão, inhame e mandioca!
Joro, jara, joro Aluman!"
E as rãzinhas gargarejavam e coaxavam, e o rio corria velozmente para não transbordar! Aluman, reconhecido, ofereceu a Èsù carne de bode com o tempero no ponto certo da pimenta. Havia chovido bastante. Mais, seria desastroso! Pois, em todas as coisa, o demais é inimigo do bom.
VII
Lenda de Eshu Jelu ( Ijelu ou Ajelu )
Mandaram Eshú fazer um ebó, com o objetivo de obter fortuna rapidamente e de forma imprevista.
Depois de oferecer o sacrifício, Exú empreendeu viagem rumo a cidade de Ijelu.
Lá chegando, foi hospedar-se na casa de um morador qualquer da cidade, contrariando os costumes da época, que determinavam que qualquer estrangeiro recém chegado receberia acolhida no palácio real.
Lá chegando, foi hospedar-se na casa de um morador qualquer da cidade, contrariando os costumes da época, que determinavam que qualquer estrangeiro recém chegado receberia acolhida no palácio real.
Alta
madrugada, enquanto todos dormiam, Exú levantou-se sorrateiramente e
ateou fogo as palhas que serviam de telhado à construção em que estava
abrigado, depois do que, começou a gritar por socorro, produzindo enorme
alarido, o que acordou todos os moradores da localidade.
Eshú
gritava e esbravejava, afirmando que o fogo, cuja origem desconhecia,
havia consumido uma enorme fortuna, que trouxera embrulhada em seus
pertences, que como muitos testemunharam, foram confiados ao dono da
casa.
Na verdade, ao chegar, Exú entregou ao seu hospedeiro um grande fardo, dentro do qual, segundo declaração sua, havia um grande tesouro, fato este, que foi testemunhado por enumeras pessoas do local.
Na verdade, ao chegar, Exú entregou ao seu hospedeiro um grande fardo, dentro do qual, segundo declaração sua, havia um grande tesouro, fato este, que foi testemunhado por enumeras pessoas do local.
Rapidamente,
a notícia chegou aos ouvidos do Rei que, segundo a lei do país deveria
indemnizar a vitima de todo o prejuízo ocasionado pelo sinistro.
Ao
tomar conhecimento do grande valor da indemnização e ciente de não
possuir meios para saldá-la, o rei encontrou, como única solução,
entregar seu trono e sua coroa a Eshú, com a condição de poder
continuar, com toda sua família, residindo no palácio.
Diante da proposta, Eshú aceitou imediatamente, passando a ser deste então o rei de Ijelu.
VIII
Sobre Eshú existem muitas lendas, mas esta demonstra bem o carácter irreverente de Eshú:
Eshú,
sabedor de que uma rainha fora abandonada pelo seu Rei (dormindo assim
em aposentos separados), procurou-a, entregou a ela uma faca e disse que
se ela desejasse ter ele de volta, deveria cortar alguns fios da sua
barba ao anoitecer quando o Rei dormisse. Em seguida, foi à casa do
Príncipe Herdeiro do trono, situada nos arredores do palácio e disse ao
Príncipe que o Rei desejava vê-lo ao anoitecer com o seu exército. Em
seguida, foi até ao Rei e disse: "A Rainha magoada vai tentar matá-lo à
noite. Finja que está dormindo para não morrer. E a noite veio. O Rei
deitou-se e fingiu dormir e viu depois a Rainha aproximar uma faca de
sua garganta. Ela queria apenas cortar um fio da barba do Rei, mas ele
julgou que seria assassinado. O Rei desarmou-a e ambos lutaram, fazendo
grande algazarra. O Príncipe, que chegava com os seus guerreiros,
escutou gritos nos aposentos do Rei e correu para lá. O Príncipe entrou
nos aposentos e viu o Rei com a faca na mão e pensou que ele queria
matar a Rainha e empunhou a sua espada. O Rei, vendo o Príncipe entrar
no palácio armado, à noite, pensou que o Príncipe queria matá-lo, gritou
pelos seus guardas pessoais e houve uma grande luta, seguida de um
massacre generalizado.
IX
Conta-nos
uma lenda, que Òsùn queria muito aprender os segredos e mistérios da
arte da adivinhação, para tanto, foi procurar Èsù, para aprender os
princípios de tal dom.
Èsù,
muito matreiro, disse a Òsùn que lhe ensinaria os segredos da
adivinhação, mas para tanto, ficaria Òsùn sobre os domínios de Èsù
durante sete anos, passando, lavando e arrumando a casa do mesmo. Em
troca, ele a ensinaria.
E,
assim foi feito. Durante sete anos, Òsùn foi aprendendo a arte da
adivinhação que Èsù lhe ensinava e consequentemente, cumprindo seu
acordo de ajudar nos afazeres domésticos na casa de Èsù.
Findando
os sete anos, Òsùn e Èsù, tinham se apegado bastante pela convivência
em comum, e Òsùn resolveu ficar em companhia desse Òrìsà.
Em
um belo dia, Sàngó que passava pelas propriedades de Èsù, avistou
aquela linda donzela que penteava seus lindos cabelos na margem de um
rio e, de pronto agrado, foi declarar sua grande admiração para com
Òsùn.
Foi-se
a tal ponto que Sàngó, viu-se completamente apaixonado por aquela linda
mulher, e perguntou se não gostaria de morar em sua companhia no seu
lindo castelo na cidade de Oyó. Òsùn rejeitou o convite, pois lhe fazia
muito bem a companhia de Èsù.
Sàngó
então, irado por ter sido contrariado, sequestrou Òsùn e levou-a em sua
companhia, aprisionando-a na masmorra de seu castelo.
Èsù,
logo de imediato sentiu a falta de sua companheira e saiu a procurar,
por todas as regiões, pelos quatro cantos do mundo, sua doce pupila de
anos de convivência.
Chegando
nas terras de Sàngó, Èsù foi surpreendido por um canto triste e
melancólico que vinha da direcção do palácio do Rei de Oyó, da mais alta
torre. Lá estava Òsùn, triste e a chorar por sua prisão e permanência
na cidade do Rei.
Èsù,
esperto e matreiro, procurou a ajuda de Òrùnmílá, que de pronto agrado
lhe cedeu uma poção de transformação para Òsùn fugir dos domínios de
Sàngó.
Èsù, através da magia, pôde fazer chegar às mãos de sua companheira a tal poção.
Èsù, através da magia, pôde fazer chegar às mãos de sua companheira a tal poção.
Òsùn
tomou de um só gole a poção mágica e transformou-se numa linda pomba
dourada, que voou e pode então retornar em companhia de Èsù para a sua
morada.
X
Como Èsù tornou-se Òsijè-Ebó
Essa
história revela o nascimento do 17o. Odù, como e de onde nasceu
Òsetùwá, em decorrência, veremos a analise através de como Èsù se tornou
Èsù Òsijè-Ebó, o transportador e encarregado de encaminhar as oferendas
entre a terra e o òrun.
Quem deveria consultar o porta-voz-principal-do-culto-de-Ifá; a nuvem está pendurada por cima da terra...
Bábálàwó dos tempos imemoriais;
Os "siris" estão no rio; a marca do dedo requer Yèréòsùn (pó sagrado de Ifá).
Estes foram os Bábálàwó que jogaram Ifá para os quatrocentos Irúnmolè, senhores do lado direito, e jogaram Ifá para os duzentos malè, senhores do lado esquerdo. E jogaram Ifá para Òsun, que tem uma coroa toda trabalhada de contas, no dia em que ele (Òsetùá) veio a ser o décimo sétimo dos Irùnmolè que vieram ao mundo, quando Òlódumàrè enviou os òrìsà, os dezesseis, ao mundo, para que viessem criar e estabelecer a terra.
Estes foram os Bábálàwó que jogaram Ifá para os quatrocentos Irúnmolè, senhores do lado direito, e jogaram Ifá para os duzentos malè, senhores do lado esquerdo. E jogaram Ifá para Òsun, que tem uma coroa toda trabalhada de contas, no dia em que ele (Òsetùá) veio a ser o décimo sétimo dos Irùnmolè que vieram ao mundo, quando Òlódumàrè enviou os òrìsà, os dezesseis, ao mundo, para que viessem criar e estabelecer a terra.
E
vieram verdadeiramente nessa época. As coisas que Òlódumàrè lhes
ensinou nos espaços do òrun constituíram nos pílares de fundação que
sustentam a terra para a existência de todos os seres humanos e de todos
os ebora. Olódumàrè lhes ensinou que quando alcançassem a terra,
deveriam abrir uma clareira na floresta, consagrando-a de Orò, o Igbó
Orò. Deveriam abrir uma clareira na floresta, consagrando-a a Eégún, o
Igbó Eégún, que seria chamado Igbó Òpá. Disse que deveriam abrir uma
clareira na floresta consagrando-a a Odù Ifá, o Igbó Odù, onde iriam
consultar o oráculo a respeito das pessoas.
Disse
ele que deveriam abrir um caminho para os Òrìsà e chamar esse lugar de
Igbó Òrìsà, floresta para adorar os òrìsà. Olódumàrè lhes ensinou a
maneira como deveriam resolver os problemas de fundação (assentamento) e
adoração dos ojóbo (lugares de adoração) e como fariam as oferendas
para que não houvesse morte prematura, nem esterilidade, nem
infecundidade, que não houvesse perda, nem vida paupérrima, não houvesse
nada de tudo isso sobre a terra. Para que as doenças sem razão não lhes
sobrevivessem, que nenhuma maldição caísse sobre eles, que a destruição
e a desgraça não se abatessem sobre eles.
Olódumàrè
ensinou aos dezasseis òrìsà o que eles deveriam realizar para evitar
todas as coisas. Ele os delegou e enviou à terra, a fim de executarem
tudo isso. Quando vieram ao òde àiyé, a terra, fundaram fielmente na
floresta o lugar de adoração de Orò, o Igbá Orò. Fundaram na floresta o
lugar de adoração de Eégún. Fundaram na floresta o lugar de adoração de
Ifá que chamamos Igbódù. Também abriram um caminho para os òrìsà, que
chamamos igbóòòsa.
Executaram todos esses programas visando a ordem.
Executaram todos esses programas visando a ordem.
Se
alguém estava doente, ele ia consultar Ifá ao pé de Òrúnmìlá. Se
acontecia que Eégún poderia salvá-lo, dir-lho-iam. Seria conduzido ao
lugar de adoração na floresta de Eégún ao Igbó-Igbàlè, para que ele
fizesse uma oferenda para Egúngún. Talvez que um de seus ancestrais
devesse ser invocado como Eégún, para que o adorasse, a fim de que esse
Eégún o protegesse. Se havia uma mulher estéril, Ifá seria consultado, a
respeito dela, a fim de que Orúnmìlà pudesse indicar-lhe a decoação de
Òsun, que ela deveria tomar. Se havia alguém que estava levando uma vida
de miséria, Orúnmìlà consultaria Ifá, a respeito dele. Poderia ser que
Orò estivesse associado à sua própria entidade criadora. Orúnmìlà diria a
essa pessoa que é a Orò que ela devia adorar. E ela seria conduzida à
floresta de Orò.
Eles seguiram essa prática durante muito tempo.
Enquanto
realizavam as diversas oferendas, eles não chamavam Òsun. Cada vez que
iam à floresta de Eégún, ou à floresta de Orò, ou à floresta de Ifá, ou à
floresta de Òòsà, a seu retorno, os animais que eles tinham abatido,
fossem cabras, fossem carneiros, fossem ovelhas, fossem aves,
entregavam-nos a Òsun para que ela os cozinhasse.
Preveniram-na
que quando ela acabasse de preparar os alimentos, não devia comer
nenhum pouco, porque deviam ser levados aos Malè, lá onde as oferendas
são feitas.
Òsun
começou a usar o poder das mães ancestrais - àse Iyá-mi - e a estender
sobre tudo o que ela fazia esse poder de Iyá-mi-Àjé, que tornava tudo
inútil.
Se se predissesse a alguém que ele ou ela não fosse morrer, essa pessoa não deixava de morrer. Se fosse proclamado que uma pessoa não sobreviveria, a pessoa sobreviveria. Se se previsse que uma pessoa daria à luz um filho, a pessoa tornava-se estéril. Um doente a quem se dissesse que ele ficaria curado não seria jamais aliviado de sua doença.
Se se predissesse a alguém que ele ou ela não fosse morrer, essa pessoa não deixava de morrer. Se fosse proclamado que uma pessoa não sobreviveria, a pessoa sobreviveria. Se se previsse que uma pessoa daria à luz um filho, a pessoa tornava-se estéril. Um doente a quem se dissesse que ele ficaria curado não seria jamais aliviado de sua doença.
Essas
coisas ultrapassavam seu entendimento, porque o poder de Olódumàre
jamais tinha falhado. Tudo que Olódumàre lhes havia ensinado eles o
aplicavam, mas nada dava resultado. Que era preciso fazer ?
Quando
se congregaram numa reunião, Orúnmìlà sugeriu que, já que eles eram
incapazes de compreender o que se estava passando por seus próprios
conhecimentos, não havia outra solução senão consultar Ifá novamente.
Em consequência, Orúnmìlà trouxe seu instrumento adivinatório, depois consultou Ifá. Contemplou longamente a figura do Odù que apareceu e chamou esse Odù pelo nome de òsetùá.
Em consequência, Orúnmìlà trouxe seu instrumento adivinatório, depois consultou Ifá. Contemplou longamente a figura do Odù que apareceu e chamou esse Odù pelo nome de òsetùá.
Ele
olhou em todos os sentidos. A partir do resultado definitivo de sua
leitura, Orúnmìlà transmitiu a resposta a todos os outros Odù-àgbà.
Estavam todos reunidos e concordaram que não havia outra solução para
todos eles, os òrìsàs-irúnmàlè, senão encontrar um homem sábio e
instruído que podesse ser enviado a Olódumàrè, para que mandasse a
solução do problema e o tipo de trabalho que devia ser feito para o
restabelecimento da ordem, a fim de que as coisas voltassem a
normalizar-se, e nada mais interferisse em seus trabalhos.
Ele, Orúnmìlà, deveria ir até a Olódumàrè. Orúnmìlà ergueu-se. Serviu-se de seus conhecimentos para utilizar a pimenta, serviu-se de sua sabedoria para tomar nozes de obi, despregou seu òdùn (tecido de ráfia) e o prendeu no seu ombro, puxou seu cajado do solo, um forte redemoinho o levou, e ele partiu até aos vastos espaços do outro mundo para encontrar Olódumàrè. Foi lá que Orúnmìlà reencontrou Èsù Òdàrà. Èsù já estava com Olódumàrè. Èsù fazia sua narração a Olódùmarè. Explicava que aquilo que estava estragando o trabalho deles na terra era o fato de eles não terem convidado a pessoa que constitui a décima sétima entre eles. Por essa razão, ela estragava tudo, Olódumàrè compreendeu.
Ele, Orúnmìlà, deveria ir até a Olódumàrè. Orúnmìlà ergueu-se. Serviu-se de seus conhecimentos para utilizar a pimenta, serviu-se de sua sabedoria para tomar nozes de obi, despregou seu òdùn (tecido de ráfia) e o prendeu no seu ombro, puxou seu cajado do solo, um forte redemoinho o levou, e ele partiu até aos vastos espaços do outro mundo para encontrar Olódumàrè. Foi lá que Orúnmìlà reencontrou Èsù Òdàrà. Èsù já estava com Olódumàrè. Èsù fazia sua narração a Olódùmarè. Explicava que aquilo que estava estragando o trabalho deles na terra era o fato de eles não terem convidado a pessoa que constitui a décima sétima entre eles. Por essa razão, ela estragava tudo, Olódumàrè compreendeu.
Assim
que Orúnmìlà chegou, apresentou seus agravos a Olódumàrè. Então
Olódumàrè lhe disse que deveria ir e chamar a décima sétima pessoa entre
eles e levá-la a participar de todos os sacrifícios a serem oferecidos.
Porque, além disso, não havia nenhum outro conhecimento que Ele lhes
pudesse ensinar senão as coisas que Ele já lhes havia dito.
Quando Orúnmìlà voltou à terra, reuniu todos os òrìsà e lhes transmitiu o resultado de sua viagem.
Quando Orúnmìlà voltou à terra, reuniu todos os òrìsà e lhes transmitiu o resultado de sua viagem.
Chamaram
Òsun e lhe disseram que ela deveria segui-los por todos os lugares onde
deveriam oferecer sacrifícios. Mesmo na floresta de Eégún. Òsun
recusou-se: ela jamais iria com eles. Começaram a suplicar a Òsun e
ficaram prostrados um longo tempo. Todos começaram a homenageá-la e a
reverenciá-la. Òsun os maltratava e abusava deles. Ela maltratava
Òrìsànlá, maltratava Ògún, maltratava Orúnmìlà, maltratava Òsányín,
maltratava Orànje, ela continuava a maltratar todo mundo. Era o sétimo
dia, quando Òsun se apaziguou. Então eles disseram que viesse. Ela
replicou que jamais iria, disse, entretanto, que era possível fazer uma
outra coisa já que todos estavam fartos dessa história.
Disse
que se tratava da criança que levava no seu ventre. Somente se eles
soubessem como fazer para que ela desse à luz uma criança do sexo
masculino, isso significaria que ela permitiria então que ele a
substituísse e fosse com eles. Se ela desse à luz uma criança do sexo
feminino, podiam estar certos que esta questão não se apagaria em sua
mente. Ficariam aí, pedaços, pedaços, pedaços. E eles deveriam saber com
certeza que esta terra pereceria; deveriam criar uma nova. Mas se ela
desse à luz um filho homem, isso queria dizer que, evidentemente, o
próprio Olórun os tinha ajudado.
Assim
apelou-se para Òrìsàlá e para todos os outros òrìsà para saber o que
deveriam fazer para que a criança fosse do sexo masculino. Disseram que
não havia outra solução a não ser que todos utilizassem o poder - àse -
que Olódumàrè tinha dado a cada um deles; cada dia repetidamente
deveriam vir, para que a criança nascesse do sexo masculino, Todos os
dias iam colocar seu àse - seu poder - sobre a cabeça de Òsun, dizendo o
que segue:
"Você
Òsun ! Homem ele deverá nascer, a criança que você traz em si!" Todos
respondiam "assim seja", dizendo "tó!" acima de sua cabeça...
Assim
fizeram todos os dias, até que chegou o dia do parto de Òsun. Ela lavou
a criança. Disseram que ela deveria permitir-lhes vê-la. Ela respondeu
"não antes de nove dias". Quando chegou o nono dia, ela os convocou a
todos. Esse era o dia da cerimónia do nome, da qual se originaram todas
as cerimónias de dar o nome. Mostrou-lhes a criança, e a pôs nas mãos de
Òrìsàálá. Quando Òrìsàálá olhou atentamente a criança e viu que era um
menino, gritou: "Músò"...! (hurra...!). Todos os outros repetiram
"Músò".....! Cada um carregou a criança, depois o abençoaram. Disseram
"somos gratos por esta criança ser um menino". Disseram: "Que tipo de
nome lhe daremos?". Òrìsàálá disse: "Vocês todos sabem muito bem que
cada dia abençoamos sua mãe com nosso poder para que ela pudesse dar à
luz uma criança do sexo masculino, e essa criança deveria justamente
chamar-se À-S-E-T-Ù-W-Á (o poder trouxe ela a nós)" Disseram: "Acaso
você não sabe que foi o poder do àse, que colocamos nela, que forçou
essa criança a vir ao mundo, mesmo se antes ela não queria vir à terra
sob a forma de uma criança do sexo masculino? Foi nosso poder que a
trouxe à terra". Eis por que chamaram a criança de Àsetùwà.
Quando
chegou o tempo, Orúnmìlà consultou o oráculo Ifá acerca da criança,
porque todos devem conhecer sua origem e destino, colheram o instrumento
de Ifá para consultá-lo. Eles o manipularam e o adoraram. Era chegado o
momento de consultar Ifá a respeito dele, para saberem qual era seu
Odù, para que o pudessem iniciar no culto de Ifá. Levaram-no à floresta
de Ifá, que chamamos Igbódù, onde Ifá revelaria que Òsè e Òtùá eram seu
Odù. Este foi o resultado que ele deu a respeito da criança. Orúnmìlà
disse: "a criança que Òsè e Òtùá fizeram nascer, que antes chamamos de
Àsetùwá", disse, "chamemo-la de Òsètùá". Foi por isso que chamaram a
criança com o nome do Odù de Ifá que lhe deu nascimento, Òsètùá.
Àsetùá
era o nome que ele trazia anteriormente. Assim, a criança participou do
grupo dos outros Odù, ao ponto de ir com eles a todos os lugares onde
se faziam oferendas na terra. Foi assim que todas as coisas que
Olódùmàrè lhes tinha ensinado deixaram de ser corrompidas. Cada vez que
proclamavam que as pessoas não morreriam, elas realmente sobreviviam e
não morriam. Se diziam que as pessoas seriam ricas, elas tornavam-se
realmente ricas. Se diziam que a mulher estéril conceberia, ela
realmente dava à luz. A própria Òsun deu a essa criança um nome nesse
dia. Disse ela: "Osó a gerou (significando que a criança era filho do
poder mágico), porque ela mesma era uma ajé e a criança que ela gerou é
um filho homem. Disse ela: "Akin Osò", (Akin Osò: poderoso mago; homem
bravo dotado de um grande poder sobrenatural) eis o que a criança será !
É
por isso que eles chamaram Òsetùá de Akin Osò, entre todos os Odù Ifá e
entre os dezasseis òrìsà mais anciãos. Depois eles disseram que em
qualquer lugar onde os maiores se reunissem, seria compulsório que a
criança fosse um deles. Se não pudessem encontrar o décimo sétimo
membro, não poderiam chegar a nenhuma decisão, e se dessem um conselho,
não poderiam ratifica-lo.
Finalmente, aconteceu! Sobreveio uma seca na terra. Tudo estava seco! Não havia nem orvalho! Fazia três anos que tinha chovido pela última vez. O mundo entrou em decadência. Foi então que eles voltaram a consultar Ifá, Ifà àjàlàiyé. (aquele que administra a terra) Quando Orúnmìlà consultou Ifá àjàlàiyé, disse que deveriam fazer uma oferenda, um sacrifício, e preparar a oferenda de maneira que chegasse a Olódùmàrè, para que Olódùmàrè pudesse ter piedade da terra, e assim não virasse as costas à terra e se ocupasse dela para eles. Porque Olódùmàrè não se ocupava mais da terra. Se isso continuasse, a destruição era inevitável, era iminente. Somente se pudessem fazer a oferenda, Olódumàrè teria sempre misericórdia deles. Ele se lembraria deles e zelaria pelo mundo.
Finalmente, aconteceu! Sobreveio uma seca na terra. Tudo estava seco! Não havia nem orvalho! Fazia três anos que tinha chovido pela última vez. O mundo entrou em decadência. Foi então que eles voltaram a consultar Ifá, Ifà àjàlàiyé. (aquele que administra a terra) Quando Orúnmìlà consultou Ifá àjàlàiyé, disse que deveriam fazer uma oferenda, um sacrifício, e preparar a oferenda de maneira que chegasse a Olódùmàrè, para que Olódùmàrè pudesse ter piedade da terra, e assim não virasse as costas à terra e se ocupasse dela para eles. Porque Olódùmàrè não se ocupava mais da terra. Se isso continuasse, a destruição era inevitável, era iminente. Somente se pudessem fazer a oferenda, Olódumàrè teria sempre misericórdia deles. Ele se lembraria deles e zelaria pelo mundo.
Foi
assim que prepararam a oferenda. Eles colocaram, uma cabra, uma ovelha,
um cachorro e uma galinha, um pombo, uma preá, um peixe, um ser humano e
um touro selvagem, um pássaro da floresta, um pássaro da savana, um
animal doméstico.
Todas
essas oferendas, e ainda dezasseis pequenas quartinhas cheias de azeite
de dendê que eles juntaram nesse dia. E ovos de galinha, e dezasseis
pedaços de pano branco puro. Prepararam as oferendas apropriadas usando
folhas de Ifá, que toda oferenda deve conter. Fizeram um grande carrego
com todas as coisas. Disseram então, que o próprio Èjì-Ogbè deveria
levar essa oferenda a Olódumàrè. Ele levou a oferenda até as portas do
òrun, mas elas não lhe foram abertas. Èjì-Ogbè voltou à terra. No
segundo dia Òyèkú-Méji a carregou, ele voltou. Não lhe abriram as
portas. Ìwòrí-Méji levou a oferenda, assim fizeram Òdi-Méji;
Ìrosùn-Méji; Òwórin-Méji; Òbàrà-Méji; Òkànràn-Méji; Ogúndá-Méji;
Òsá-Méji; Ìká-Méji; Òtúrúpòn-Méji; Òtúá-Méji; Ìrètè-Méji; Òsè-Méji;
Òfún-Méji. Mas não puderam passar, Olórun não abria as portas. Assim
decidiram que o décimo sétimo entre eles deveria ir e experimentar o seu
poder, antes que tivessem que reconhecer que não tinham mais nenhum
poder.
Foi
assim que Òsetùá foi visitar certos Babaláwo, para que eles
consultassem o oráculo para ele. Esses Babaláwo traziam os nomes de
Vendedor-de-azeite-de-dendê e Comprador-de-azeite-de-dendê. Ambos
esfregaram seus dedos com pedaços de cabaça. Jogaram Ifá para Akin Osò, o
filho de Enìnàre (aquela que foi colocada na senda do bem) no dia em
que ele conseguiu levar a oferenda ao poderoso òrun. Disseram que ele
deveria fazer uma oferenda; disseram, quando ele acabasse de fazer a
oferenda, disseram, no lugar a respeito do qual ele estava consultando
Ifá, disseram, ali, ele seria coberto de honras, disseram, sucederá que a
posição que ele ali alcançasse, disseram, essa posição seria para
sempre e não desapareceria jamais.
Disseram, as honras que ele ali receberia, disseram, o respeito, seriam intermináveis.
Disseram:
"Você verá uma anciã no seu caminho", disseram, "faça-lhe o bem".
Assim, quando Òsetùá acabou de preparar a oferenda, seis pombos, seis
galinhas com seis centavos e quando estava em seu caminho, ele encontrou
uma anciã. Ele carregava a oferenda no caminho que levaria a Èsù,
quando encontrou essa anciã na sua rota. Essa anciã era da época em que a
existência se originou. Disse: "Akin Osò! à casa de quem vai você hoje
?" Disse: "eu ouvi rumores a respeito de todos vocês na casa de Olófin,
que os dezasseis Odù mais idosos levaram uma oferenda ao poderoso òrun
sem sucesso".
Disse: "assim seja".
Disse: "é sua vez hoje?''
Disse: "é minha vez".
Disse: "tomou alimentos hoje?"
Respondeu ele: "eu tomei alimentos".
Disse ela "quando você chegar a seu sitio, diga-lhes que você não irá hoje".
Disse ela: "Esses seis centavos que você me deu", Disse: "há três dias não tinha dinheiro para comprar comida"
Disse: "diga-lhes que você não irá hoje".
Disse: "quando chegar amanhã, você não deve comer, você não deve beber antes de chegar ali".
Disse: "você deve levar a oferenda".
Disse: "todos esses que ali foram, comeram da comida da terra, essa é a razão por que Olórun não lhes abriu a porta!"
Quando Òsetùá voltou a casa de Oba Àjàlàiyè, todos os Odù Ifá estavam reunidos lá. Disseram: "você deve estar pronto agora, é sua vez hoje de levar a oferenda ao òrun, talvez a porta seja aberta para você!" Disse ele que estaria pronto no dia seguinte, porque não tinha sido avisado na véspera.
Quando chegou o dia seguinte, Òsetùá, foi encontrar Èsù e lhe perguntou o que deveria fazer.
Disse: "é sua vez hoje?''
Disse: "é minha vez".
Disse: "tomou alimentos hoje?"
Respondeu ele: "eu tomei alimentos".
Disse ela "quando você chegar a seu sitio, diga-lhes que você não irá hoje".
Disse ela: "Esses seis centavos que você me deu", Disse: "há três dias não tinha dinheiro para comprar comida"
Disse: "diga-lhes que você não irá hoje".
Disse: "quando chegar amanhã, você não deve comer, você não deve beber antes de chegar ali".
Disse: "você deve levar a oferenda".
Disse: "todos esses que ali foram, comeram da comida da terra, essa é a razão por que Olórun não lhes abriu a porta!"
Quando Òsetùá voltou a casa de Oba Àjàlàiyè, todos os Odù Ifá estavam reunidos lá. Disseram: "você deve estar pronto agora, é sua vez hoje de levar a oferenda ao òrun, talvez a porta seja aberta para você!" Disse ele que estaria pronto no dia seguinte, porque não tinha sido avisado na véspera.
Quando chegou o dia seguinte, Òsetùá, foi encontrar Èsù e lhe perguntou o que deveria fazer.
Èsù
respondeu: "Como! Jamais pensei que você viria me avisar antes de
partir". Disse ele: "isso vai acabar hoje, eles lhe abrirão a porta !"
Perguntou ele: "Tomou algum alimento?" Òsetùá lhe respondeu que uma
anciã lhe tinha dito na véspera que ele não devia comer absolutamente
nada. Então Òsetùá e Èsù puseram-se a caminho. Partiram em direcção aos
portões do òrun.
Quando
chegaram lá, as portas já se encontravam abertas. Quando levaram a
oferenda a Olódùmarè e Ele examinou. Olòdumarè disse: "Haaa! Você viu
qual foi o último dia que choveu na terra?! Eu me pergunto se o mundo
não foi completamente destruído. Que pode ser encontrado lá?" Òsetùá não
podia abrir a boca para dizer qualquer coisa. Olódùmarè lhe deu alguns
"feixes" de chuva. Reuniu, como outrora, as coisas de valor do òrun,
todas as coisas necessárias para a sobrevivência do mundo, e deu-lhas.
Disse que ele, Òsetùá, deveria retornar.
Quando
deixaram a morada de Olódumarè, eis que Òsetùá perdeu um dos "feixes"
de chuva. Então a chuva começou a cair sobre a terra. Choveu, choveu,
choveu, choveu....
Quando
Òsetùá voltou ao mundo, em primeiro lugar foi ver Quiabo. Quiabo tinha
produzido vinte sementes. Quiabo que não tinha nem duas folhas, um outro
não tinha mesmo nenhuma folha em seus ramos.
Voltou-se
em direcção à casa do Quiabo escarlate, Ilá Ìròkò tinha produzido
trinta sementes. Quando chegou a casa de Yáyáá, esse havia produzido
cinquenta sementes. Foi então até à casa da palmeira de folhas
exuberantes, que se encontrava na margem do rio Awónrin Mogún. A
palmeira tinha dado nascimento a dezasseis rebentos. Depois que a
palmeira deu nascimento a dezasseis rebentos ele voltou à casa de Oba
Àjàlàiyé.
Àse
se expandia e se estendia sobre a terra. Sémen convertia-se em filhos,
homens em seu leito de sofrimento se levantavam, e todo o mundo
tornou-se aprazível, tornou-se poderoso. As novas colheitas eram
trazidas dos plantios. O inhame brotava, o milho amadurecia, a chuva
continuava a cair, todos os rios transbordavam, todo mundo era feliz.
Quando
Òsetùá chegou, carregaram-no para montar num cavalo (signo de realeza:
só os mais poderosos podem-se permitir a criar ou montar cavalos em País
Yorùbá). Estavam mesmo a ponto de levantar o cavalo do chão para
mostrar até que ponto as pessoas estavam ricas e felizes. Estavam de tal
forma contentes com ele, que o cobriram de presentes, os que estavam em
sua direita os que estavam em sua esquerda. Começaram a saudar Òsetùá:
"Você é o único que conseguiu levar a oferenda ao òrun, a oferenda que
você levou ao outro mundo era poderosa !
Disseram,
"sem hesitação, rápido, aceite meu dinheiro e ajude-me a transportar
minha oferenda ao òrun! Òsetùá! Aceite rápido! Òsetùá aceite minha
oferenda!" Todos os presentes que Òsetùá recebeu, os deu todos a Èsù
Òdàrà. Quando os deu a Èsù, Èsù disse: "Como!" Há tanto tempo ele
entregava os sacrifícios, e não houve ninguém para retribuir-lhe a
gentileza.
"Você
Òsetùá! Todos os sacrifícios que eles fizerem sobre a terra, se não os
entregarem primeiro a você, para que você possa trazer a mim, farei que
as oferendas não sejam mais aceitáveis".
Eis
a razão pela qual sempre que os Babaláwo fazem sacrifícios, qualquer
que seja o Odù Ifá que apareça e qualquer que seja a questão, devem
invocar Òsetùá para que envie as oferendas a Èsù. Porque é só de sua mão
que Èsù aceitará as oferendas para levá-las ao òrun. Porque quando Èsù
mesmo recebia os sacrifícios das pessoas da terra e os entregava no
lugar onde as oferendas são aceitas, eles não demonstravam nenhum
reconhecimento pelo que ele fazia por todos até o dia em que Òsetùá teve
de carregar o sacrifício e Èsù foi abrir o caminho apropriado para o
òrun, para alcançar a morada de Olódumàrè. Quando se abriram as portas
para ele.
A
qualidade de gentileza que Èsù recebeu de Òsetùá era realmente muito
valiosa para ele (Èsù). Então ele e Òsetùá decidiram combinar um acordo
pelo qual todas as oferendas que deveriam ser feitas deveriam ser-lhe
enviadas por intermédio de Òsetùá. Foi assim que Òsetùá converteu-se no
entregador de oferendas para Èsù. Èsù Òdàrà, foi assim que ele se
converteu em O portador de oferendas para Olódumàrè, Èsù Òsijé-Ebó, no
poderoso òrun. É assim como este Itan (verso) Ifá explica, a respeito de
Èsù e Òsetùá.
XI
"Exu,
filho primogénito de Iemanjá com Orunmilá, o deus da adivinhação e
irmão de Ogum, Xangô e Oxóssi, era voraz e insaciável. Conseguiu comer
todos animais da aldeia em que vivia. Depois disso, passou a comer as
árvores, os pastos, tudo que via até chegar ao mar. Orunmilá previu
então que Exu não pararia e acabaria comendo os homens, e tudo que visse
pela frente, chegando mesmo a comer o céu. Ordenou então a Ogum que
contivesse o irmão Exu a qualquer custo. Para conseguir isto, Ogum foi
obrigado a matar Exu, a fim de preservar a terra criada e os seres
humanos. Mas mesmo depois da morte de Exu, a natureza, os pastos, as
árvores, os rios, tudo permaneceu ressecado e sem vida, doente,
morrendo.
Um
babalaô (representante de Orunmilá na terra) alertou Orunmilá de que o
espírito de Exu sentia fome e desejava ser saciado, ameaçando provocar a
discórdia entre os povos como vingança pelo que Orunmilá e Ogum haviam
feito. Orunmilá determinou então que em toda e qualquer oferenda que
fosse feita pelos homens a um orixá, houvesse uma parte em homenagem a
Exu, e que esta parte seria anterior a qualquer outra, para que se
mantivesse sempre satisfeito e assim possibilitasse a concórdia".
XII
Filho de Oxalá com Yemanjá e irmão gémeo de Ogum, Elegbará sempre aprontava para chamar a atenção, devido aos seus ciúmes.
Destemido,
valente e brincalhão, adorava se envolver em tudo o que acontecia na
Terra. Devido à sua imensa curiosidade e vontade de viver, ele andou
pelos quatro cantos do mundo, buscando descobrir todos os segredos e
mistérios que envolviam a nosso planeta.
Elegbará
era um orixá que ao mesmo tempo que era amado, era muito temido, pois
já intimidava a todos com seus olhos, que eram duas bolas de fogo. Ao
contrário de alguns orixás que ansiavam em ter um reino, fundando
nações, ele queria o mundo todo, por isto saía pelas estradas, vivendo
aventuras e angariando adoradores em todas as tribos que visitava.
Elegbará é aquele que vive no plano intermediário entre o Orum e o Aiyê.
Ele é o protector dos aventureiros, jogadores e todos aqueles que gostam de viver.
Ele é o protector dos aventureiros, jogadores e todos aqueles que gostam de viver.
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