Iroko
O
majestoso Iroko, poderosa árvore, em cujos galhos se abrigam divindades
e ancestrais. Poderosa árvore aos pés da qual são depositadas as oferendas para as feiticeiras. Poderosa árvore cujas raízes alcançam o
Orun ancestral e o tronco majestoso serve de apoio a Olorun. Iroko é o representante
supremo do Culto dos Iguis, o culto aos espíritos das árvores que se
assimila ao de Egungum. Grupo do qual fazem parte Apaóka, Odan e Akokô.
No Brasil é considerado o protetor de todas as árvores, sendo associado
particularmente à gameleira branca.
Seu
culto está intimamente associado ao de Ossain, a Divindade das Folhas
litúrgicas e medicinais. É o Orixá da floresta, das árvores, do espaço
aberto; por extensão governa o tempo em seus múltiplos aspectos, possue
forte ligação com Xangô. Seja num caso ou noutro, o culto a Iroko é cercado de cuidados, mistérios e muitas histórias. A
árvore simboliza, o tronco ereto e viril, membro fecundante da terra e
do céu, elo, cordão umbilical entre o Orun e o Aiê, na concepção
restrita Iorubá. No começo dos tempos, a primeira árvore plantada foi
Iroko. Iroko foi a primeira de todas as árvores, mais antiga que o
mogno, o pé de Obi e o algodoeiro. Na mais velha das árvores de Iroko,
morava seu espírito. E o espírito de Iroko era capaz de muitas mágicas e
magias. Iroko assombrava todo mundo, assim se divertia quando não
tinha o que fazer, brincava com as pedras que guardava nos ocos de seu
tronco. Fazia mágicas, para o bem e para o mal. Todos temiam Iroko e
seus poderes, quem o olhasse de frente enlouquecia até a morte. No
Brasil, Iroko habita principalmente a gameleira branca, cujo nome
científico é ficus religiosa. Na África, sua morada é a árvore Iroko,
nome científico chlorophora excelsa, que, por alguma razão, não existia
no Brasil e, ao que parece, também não foi para cá transplantada. Para o
povo yorubá, Iroko é uma de suas quatro árvores sagradas normalmente
cultuadas em todas as regiões que ainda praticam a religião dos orixás.
No entanto, originalmente, Iroko não é considerado um orixá que possa
ser "feito" na cabeça de ninguém. Para os yorubás, a árvore Iroko é a
morada de espíritos infantis conhecidos ritualmente como "abiku" e tais
espíritos são liderados por Oluwere. Quando as crianças se vêem
perseguidas por sonhos ou qualquer tipo de assombração, é normal que se
faça oferendas a Oluwere aos pés de Iroko, para afastar o perigo de que
os espíritos abiku levem embora as crianças da aldeia. Durante sete dias
e sete noites o ritual é repetido, até que o perigo de mortes infantis
seja afastado. O culto a Iroko é um dos mais populares na terra yorubá e
as relações com esta divindade quase sempre se baseiam na troca: um
pedido feito, quando atendido, sempre deve ser pago pois não se deve
correr o risco de desagradar Iroko, pois ele costuma perseguir aqueles
que lhe devem. Iroko está ligado à longevidade. É referido como "Orixá do grande pano branco que envolve o mundo", numa alusão clara às nuvens do Céu.
As árvores nas quais Iroko é cultuado normalmente são de grande porte;
são enfeitadas com grandes laços de pano alvo (oja fúnfún) e ao pé
dessas árvores são colocadas suas oferendas, notadamente nas casas de
origem Ketu, onde recebe lugar de destaque.
Orixá Iroko
Jamais uma dessas árvores pode ser derrubada sem trazer sérias consequências para a comunidade.
Iroko é o protetor das crianças indefesas, ele guarda para sí os
espiritos dos Abiku, aqueles que quando chegam à Terra não se sentem bem
e retornam a seu lugar de origem.Iroko é invocado em questões difíceis,
tais como desaparecimento de pessoas ou problemas de saúde, inclusive a
mental. Seus filhos são altivos e generosos, robustos na constituição,
extremamente atentos a tudo o que ocorre a sua volta.
Sua cor é o cinza, as cores das contas utilizadas nos ilekes de seus
filhos é o verde e o marrom. O branco é muito utilizado em seus ojas,
panos confeccionados de forma simples e com tecidos de baixa qualidade,
preferencialmente o morim, que deve ser utilizado em seu tronco até o
seu mais completo fim.
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