sábado, 12 de maio de 2012

lendas de orixás-logun-edé


Logunede ganha domínio dado por Olorun

 No início dos tempos, cada orixá dominava um elemento da natureza, não
 permitindo que nada, nem ninguém, o invadisse. Guardavam sua sabedoria
 como a um tesouro.
 É nesse contexto que vivia a mãe das água doces, Osun, e o grande caçador
 Odè. Esses dois orixás constantemente discutiam sobre os limites de seus
 respectivos reinados, que eram muito próximos. 
 Odè ficava extremamente irritado quando o volume das águas aumentavam e
 transbordavam de seus recipientes naturais, fazendo alagar toda a floresta.
 Osun argumentava, junto a ele, que sua água era necessária à irrigação e
 fertilização da terra, missão que recebera de Olorun. Odè não lhe dava
 ouvidos, dizendo que sua caça iria desaparecer com a inundação. 
 Olorun resolveu intervir nessa guerra, separando bruscamente esses
 reinados, para tentar apaziguá-los. 
 A floresta de Odè logo começou a sentir os efeitos da ausência das águas. A
 vegetação, que era exuberante, começou a secar, pois a terra não era mais
 fértil. Os animais não conseguiam encontrar comida e faltava água para
 beber. A mata estava morrendo e as caças tornavam-se cada vez mais raras.
 Odè não se desesperou, achando que poderia encontrar alimento em outro
 lugar. 
 Osun, por sua vez, sentia-se muito só, sem a companhia das plantas e dos
 animais da floresta, mas também não se abalava, pois ainda podia contar com
 a companhia de seus filhos peixes para confortá-la. 
 Odè andou pelas matas e florestas da Terra, mas não conseguia encontrar
 caça em lugar algum. Em todos os lugares encontrava o mesmo cenário
 desolador. A floresta estava morrendo e ele não podia fazer nada.
  Desesperado, foi até Olorun pedir ajuda para salvar seu reinado, que estava
 definhando. O maior sábio de todos explicou-lhe que a falta d’água estava
 matando a floresta, mas não poderia ajudá-lo, pois o que fez foi necessário
 para acabar com a guerra. A única salvação era a reconciliação.
 
 Odè, então, colocou seu orgulho de lado e foi procurar Osun, propondo a ela
 uma trégua. Como era de costume, ela não aceitou a proposta na primeira
 tentativa. Osun queria que Odé se desculpasse, reconhecendo suas
 qualidades. Ele, então, compreendeu que seus reinos não poderiam
 sobreviver separados, unindo-se novamente, com a benção de Olorun.
 
 Dessa união nasceu um novo orixá, um orixá príncipe, Logunede, que iria
 consolidar esse "casamento", bem como abrandar os ímpetos de seus pais.
 Logunede sempre ficou entre os dois, fixando-se nas margens das águas, onde
 havia uma vegetação abundante. Sua intervenção era importante para evitar
 as cheias, bem como a estiagem prolongada. Ele procurava manter o
 equilíbrio da natureza, agindo sempre da melhor maneira para estabelecer a paz e a fertilidade. 
 Conta uma outra lenda que as terras e as águas estavam no mesmo nível, não havendo limites definidos. 
 Logunede, que transitava livremente por esses dois domínios, sempre tropeçava quando passava de um reinado para o outro. Esses acidentes deixavam Logunede  muito irritado. 
 Um dia, após ter ficado seis meses vivendo na água, tentou fazer a transição
 para o reinado de seu pai, mas não conseguiu, pois a terra estava muito
 escorregadia. Voltou, então, para o fundo do rio, onde começou a cavar
 freneticamente, com a intenção de suavizar a passagem da água para a
 terra. Com essa escavação, machucou suas mãos, pés e cabeça, mas conseguiu fazer
 uma passagem, que tornou mais fácil sua transição. Logunede criou, assim, as margens dos rios e córregos, onde passou a dominar. Por esse motivo, suas oferendas são bem aceitas nesse local.

Logun Edè é salvo das águas
Logun Edè era filho de Oxóssi com Oxun.
Era príncipe do encanto e da magia.
Oxóssi e Oxum eram dois Orixás muito vaidosos.
Orgulhosos, eles viviam às turras.
A vida do casal estava insuportável
e resolveram quue era melhor separar.
O filho ficaria metade do ano nas matas com Oxóssi
e a outra metade com Oxun no rio.
Com isso, Logun se tornou uma criança de personalidade dupla:
cresceu metade homem, metade mulher.
Oxun proibiu Logun Edè de brincar nas águas fundas,
pois os rios eram traiçoeiros para uma criança de sua idade.
Mas Logun era curioso e vaidoso como os pais.
Logun nào obedecia à mãe.
Um dia Logun nadou rio adentro, para bem longe da margem.
Obá, dona do rio,para vingar-se de Oxum,
com quem mantinha antigas querelas,
começou a afogar Logun.
Oxum ficou desesperada
e pediu a Orunmilá que lhe salvasse o filho,
que a amparasse nos eu desespero de mãe.
Orunmilá que sempre atendia à filha de Oxalá,
retirou o príncipe das águas traiçoeiras e o trouxe de volta à terra.
Então deu-lhe a missão de proteger os pescadores
e a todos que vivessem das águas doces.
Dizem que Oiá quem retirou Logun Edè da água
e terminou de criá-lo juntamente com Ogun.
Logun Edè rouba segredos de Osalà

Logunede era um caçador solitário e infeliz, mas orgulhoso.
Era um caçador pretensioso e ganancioso,
e muitos os bajulavam pela sua formosura.
Um dia Oxalá conheceu Logun Edè
e o levou para viver em sua casa sob sua proteção.
Deu a ele companhia, sabedoria e compreensão.
Mas Logun Edè queria muito mais, queria mais.
E roubou alguns segredos de Oxalá.
Segredos que Oxalá deixara à mostra,
confiando na honestidade de Logun.
O caçador guardou seu furto num embornal a tiracolo, seu adô.
Deu as costas a Oxalá e fugiu.
Não tardou para Oxalá dar-se conta da traição
do caçador que levara seus segredos.
Oxalá fez todos os sacrifícios que cabia oferecer
e muito calmamente sentenciou
que toda a vez que Logun Edè usasse um dos seus segredos
todos haveriam de dizer sobre o prodígio:
"Que maravilha o milagre de Oxalá!".
Toda a vez que usasse seus segredos
alguma arte não roubada ia faltar.
Oxalá imaginou o caçador sendo castigado
e compreendeu que era pequena a pena imposta.
O caçador era presumido e ganancioso,
acostumado a angariar bajulação.
Oxalá determinou que Logun Edè fosse homem
num período e no outro depois fosse mulher.
Nunca haveria assim de ser completo.
Parte do tempo habitaria a floresta vivendo de caça,
e noutro tempo, no rio, comendo peixe.
Nunca haveria de ser completo.
Começar sempre de novo era sua sina.
Mas a sentença era ainda nada
para o tamanho do orgulho do Odè.
Para que o castigo durasse a eternidade,
Oxalá fez de Logun Edè um orixá.

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